quinta-feira, julho 22, 2010

Missão Possível Porém Altamente Improvável: Invadindo os Estúdios da Globo RJ

"E vocês vão ficar aí até resolverem suas diferenças, ou um devorar o coração do outro, emergindo vitorioso. Entenderam?" E tranquei a porta da Sala de Discussões.

A Sala de Discussões era um escritório pequeno abandonado, que muitos diziam ser mal-assombrado. Eu discordava disso, pois já dormi naquele escritório várias vezes, e só acordei ao lado de uma mulher transparente uma vez (Ou poderia ser uma modelo anoréxica, eu nunca sei a diferença). Uma vez, quando eu estava com uma ressaca infernal, eu ouvi um casal gritando nos cubículos aonde ficavam os jornalistas (Todos os colunistas da Nave da Loucura dividem um escritório, pelo simples fato de que os jornalistas têm medo de ficar perto de mim - E não sem motivo, devo admitir).

Eu fui para o escritório dos colunistas, dando um tapa no Fabiano e um soco no Sandro (Era Segunda-Feira, então eles com certeza fizeram algo para merecer. Especialmente o Sandro), e me sentei na minha cadeira, notando a ausência de gritos horrorizados por parte dos discutintes (Eu havia contrabandeado um tigre para a Sala de Discussões).

"Victor" Meu editor, Sérgio (Eu anotei o nome dele em sua testa com um marcador permanente para que pudesse me lembrar) chamou minha atenção. Eu atirei o meu grampeador nele, que habilmente desviou, já esperando o ataque. "Você soube que um dos atores da novela RETIRADO PELA GLOBO POR MOTIVOS DE COPYRIGHT foi pego roubando?"
"O quê?!" Eu pulei na cadeira, ainda atirando coisas aleatórias no Sérgio. Uma vez, eu o ataquei com um guaxinim "Ele foi preso?"
"Não, e - Ah, pelos céus. Ponha ele no chão!" Eu olhei para o que segurava acima de minha cabeça. Era um dos estagiários, horrorizados. Ele havia urinado em si mesmo. Sem dar ouvidos à Sérgio, atirei-o no chão. Era um estagiário, afinal de contas.
"Eu não sei como que você evita processos judiciais." Sérgio levou a mão à face.
"Eu tenho uma amiga que é uma juíz... E uma amiga que é policial... E uma amiga que é advogada."
"Ah. Isso explica. Falando nisso, eu vi que você trancou dois jornalistas na Sala de Discussões."
"Sim," Eu cocei o queixo, ainda tentando ouvir o grito de terror dos dois "Mas acho que o tigre ainda não acordou."
"Eu doei o tigre para um zoológico ontem."
"Você doou o Sr. Bigodes?" Eu estendi a mão, indo pegar meu guaxinim no palito e fazendo Sérgio ficar nervoso.
"Nós tivemos que" Ele girou as mãos como se "Nós" fosse um termo para "Eu estava morto de medo do tigre".
"E o lêmure? Você também doou o lêmure?"
"Não. Minha filha adora ver ele, então deixei ele ficar."
"Ufa."
"Por que, 'Ufa'?" Sérgio desconfiou de minhas intenções, não sem motivo.
"Nada, é que hoje de manhã eu dei Ecstasy com LSD para o Lêmure"
"Você..." Nesse momento, um grito de horror terrivelmente satisfatório percorreu o andar "Você deu Ecstasy e LSD para o lêmure? Por que?"
"Hey, e você doou o Sr. Bigodes. Estamos quites. E o porquê, meu caro amigo Sérgio, é que eu estou treinando ele. Toda vez que ele atirar fezes em você, eu vou dar para ele a dose preciosa dele. Mas para isso, claro, eu tenho que viciá-lo."
"Biancardine" Sérgio levou a mão à face novamente "Lêmures não atiram fezes. Babuínos atiram."
"Ah. Entendi. Podemos contrabandear um babuíno?"
"Não." Nesse momento, eu bati no Sérgio com meu Guaxinim no Palito (Para ser patenteado)
"Bem, estou indo nessa, Sérgio."
"O quê? Aonde você vai?"
"Globo. Vou rodar essa matéria, e vou conseguir algumas entrevistas."
"A matéria do roubo? Mas o ator simplesmente roubou um pedaço de goma de mascar!"
"Foda-se! Eu quero uma crônica, e essa será ela!"

Eu vesti meu fedora e sobre-tudo (Apesar do calor infernal, eu gosto de me vestir como um jornalista sério), e fui para as ruas (Ruas lendo-se: "Estúdios da Globo"). Dirigi meu ônibus (Leia-se: Sentei ao lado de um mendigo se masturbando e de uma mulher obesa que ficava dormindo no meu ombro) até os estúdios, e assim que entrei, pensei nas alternativas que tinha para conseguir uma entrevista sem ser nocauteado e ter um de meus rins roubados (De novo).

Após vários minutos (Três segundos, que foi o tempo que levou para eu tomar um bom gole de Jack Daniels), eu corri em câmera lenta para dentro dos estúdios, firme na minha esperança de ser um filho bastardo de David Hasselhoff, e ter herdado os poderes mágicos dele de Baywatch. Para meu desapontamento, não havia uma Pamela Anderson para me dar assistência.

"Eh... Com licença, senhor?" A secretária interrompeu minha corrida em câmera lenta até a porta. Aparentemente, eu não sou filho de Hasselhoff. Eu tentaria correr pelas paredes feito o Neo, mas a idéia de ser filho de Keanu Reeves me apavora.
"Sim?" Eu abri o sorriso mais encantador que podia. Ela ficou vermelha. Excelente sinal.
"Senhor, aonde estão suas calças?" Eu olhei para baixo, e me vi de cuecas e sobre-tudo. Felizmente, ainda estava de fedora.
"Eu vendi para comprar uma passagem de ônibus" Infelizmente, eu não estava mentindo.
"Eh... Por que?" Ela ficou ainda mais vermelha. Aumentei meu sorriso.
"Sou jornalista." Respondi, simplesmente.
"Ah, compreendo."
"Então, eu posso entrar?"
"Pode." Eu pisquei os olhos, incrédulo.
"Jura? Quero dizer, eu sei que posso, mas... Se importa de dizer o porquê?"
"Bem... Você não está aqui pelo tour?"
"Sim! Claro! O Tour! Sabe, se eu não tivesse meu caderno de anotações" Eu mostrei um guardanapo manchado de cerveja com alguns rabiscos nele "Seria incapaz de escrever uma matéria sequer."
"Bem," Ela deu uma risada. Excelente sinal "O grupo já saiu, mas acho que você ainda pode alcançá-los se correr."

Eu dei um último "Até mais" para a secretária, e, quando ela disse "Não" para minha pergunta sobre irmos num local aonde não haviam câmeras de seguranças (Mas hey, ela me deu um "Mais tarde, quem sabe" também, então é meia-vitória), fui até o camarim do ator ladrão da maneira mais discreta quanto possível. Um esforço provado inútil, já que eu estava cantarolando a música do Missão Impossível.

Quando eu estava na porta do ator, eu dei dois toques na porta. De dentro, veio a voz "Quem é?". Pensando rápido, eu respondi "Serviço de quarto" (A Globo tem um serviço de prostitutas que são entregues à domicílio, né?). Após um silêncio desconfortável, a voz respondeu fracamente: "Entre." Com um pulo, eu abri a porta do quarto, praticamente berrando "Como você se sente sendo um ladrão de goma de mascar?". Então tudo ficou escuro.

Eu acordei horas depois, numa banheira cheia de gelo. Na minha testa, estava um bilhete dizendo "Melhoras" com o símbolo da Globo logo abaixo.

... Filha da mãe.

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