quarta-feira, outubro 26, 2011

Homofobia não! Desinformação, muito menos!

Mensagem que corre nas redes sociais contra a homofobia traz informações falsas e argumentos falaciosos que não ajudam a diminuir a homofobia ou aumentar a aceitação da homossexualidade.

Uma mensagem está correndo as redes sociais que - com algumas pequenas variações - traz a seguinte informação: "Homossexualidade é encontrada em mais de 450 espécies de animais. Homofobia apenas em uma. Qual é a antinatural?"
Muitas trazem o pedido para disseminar a informação: "RT se você é contra a homofobia", ou "Coloque isso no seu mural se você é contra a homofobia", ou até "Reblogue se você é contra a homofobia". Eu sou contra a homofobia, mas também sou contra a disseminação de desinformação, não importa para que fins. E a mensagem está se disseminando com bastante força. Só um tweet do ator José de Abreu, gerou mais de 430 retweets. Li a mensagem em diversos murais de amigos e parentes bem intencionados no Facebook. Mas alguém parou pra checar se a informação é verdadeira, ou parou pra pensar se é relevante, antes de repassar?


O fato é que o mesmo estudo de onde foi tirada a informação de que a "homossexualidade foi encontrada em mais de 450 espécies", o livro "Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity", de Bruce Bagemihl, mostra também que a homofobia está presente entre outras espécies além da humana. O autor discorre, por exemplo, sobre o comportamento homofóbico de grupos de Caricus, ou "white-tailed deer" (Odocoileus virginianus), que assediam, atacam, e expulsam espécimes transgêneros de sua área.
"Non-transgendered White-tails (both does and bucks of all ages, even fawns) threaten velvet-horns who try to aproach them - forcing them to remain no less than ten feet away - while bucks may actively charge velvet-horns to drive them away." (Bagemihl, p.380)

Em outro livro, "Homosexual behaviour in animals: an evolutionary perspective", Volker Sommer descreve patrulhas de Macacos-japonês machos (Macaca fuscata) que atacam fêmeas que estão engajadas em sexo homossexual entre si. Conta também que certos grupos de Antílopes apresentam comportamento parecido.

Então a segunda parte da mensagem está incorreta, a homofobia está sim presente na natureza, em outras espécies além da humana. E a primeira parte é incompleta, pois o livro de Bagemihl  diz que o comportamento homossexual já foi observado em mais de 1500 espécies, o número de 450 é o de espécies documentadas por ele.

Mas não é só a falha factual que compromete o argumento. O argumento em si é uma falácia, conhecida como "falácia da natureza" ou "apelo à natureza" ("Argumentum ad Naturam"), que funciona assim: "N é natural, então N é bom ou certo. U não é natural, então U não é bom ou não é certo". Ou: "comportamento X é natural, então comportamento X é moralmente aceitável".

Não é porque é "natural", que um comportamento é moralmente aceitável ou bom. O mesmo estudo de Bagemihl mostra que "incesto" e "estupro" também estão presentes no comportamento sexual da grande maioria das espécies estudadas, e nem por isso são moralmente aceitáveis para a humanidade.

O que precisa ficar claro, é que "natural" ou "antinatural" não tem nada a ver com a questão. A questão é que a homofobia é moralmente inaceitável, socialmente maléfica, pois quer ingerir sobre o comportamento sexual e afetivo dos outros, e causa dor e sofrimento em seres humanos, enquanto a homossexualidade, por sua vez, é moralmente aceitável e socialmente benéfica, pois é fruto do amor e do desejo individual e não causa mal a ninguém.


Em seu livro, Bagemihl nos lembra que a informação de que o comportamento homosexual nos animais existe não é nova, e ela sempre foi usada para caracterizar a homossexualidade como algo deplorável, algo animalesco, seja pelos puritanos da Nova Inglaterra do século dezoito, por nazistas alemães, ou na cruzada anti-gay de Anita Bryant nos anos 70. Animais onde o comportamento homossexual pode ser facilmente observado, várias espécies de primatas, são também as espécies que cometem infanticídio, geralmente não formam casais duradouros, apresentam um comportamento promíscuo e violento.

Nos Estados Unidos, na Suprema Corte do Colorado, o debate sobre a homossexualidade ser inata ou não, do ponto de vista biológico, levou a interpretações equivocadas de que a homossexualidade seria apenas um "estilo de vida", uma escolha pessoal, não cabendo então proteção legal contra a discriminação no âmbito dos direitos civis.

Em suma, a existência da homossexualidade entre certos grupos de animais e as características naturais, biológicas e zoológicas do sexo entre indivíduos do mesmo sexo, tem sido mais usada para gerar homofobia do que para combatê-la.

A zoóloga Marlene Zuk, em seu livro esclarecedor "Sexual selections: what we can and can't learn about sex from animals", define bem a questão:

"Usar informações sobre comportamento animal para justificar ideologias políticas ou sociais é um equívoco. Se a homossexualidade nos animais é generalizada ou ocasional, se ocorre mais em uma espécie que em outras, isso não deve influenciar nossas decisões sobre as políticas públicas de proteção legal de homossexuais contra a discriminação. (...) Virtualmente todos os pesquisadores sobre homossexualidade animal concordam com isso. Incluindo Bagemihl." (Zuk, p. 176) 
Aos amigos que usam suas contas em redes sociais para divulgar causas, duas dicas: nunca passem para frente informações que vocês não conhecem de fonte primária. E existe uma regra na internet que serve para tudo: se uma mensagem traz o apelo para você passar ela adiante, não passe.

Nota pessoal:

Pra começar, a palavra HOMOFOBIA em si já está errada dentro do que propõe. Não conheço ninguém que tenha MEDO de gays, vejo pessoas com nojo, com asco, com desprezo, enfim..
Eu pessoalmente não curto os afetados, o viadinho que peida purpurina e arrota confete e menos ainda a sapata que coça um saco ilusório e usa pochete, e nem as gatinhas frescas, e nem os manos casca grossa bucetistas.

Afetação de tipo algum, auto afirmação nenhuma. Passo longe, evito, saio de perto.
Cabe notar também,segundo o texto, o quão perigoso é para a causa em si, da igualdade e respeito, esta militãncia toda, de forma que quer igualdade mas igualdade diferente, todos iguais mas uns mais iguais que os outros. Tenho visto muito mais manifestações anti gays hoje do que a alguns anos atrás.
Tipo o que aconteceu quando lançaram o sistema de cotas nas universidades, lembram?

Enfim, temos que lutar pelo fim da intolerância. mas usar um pouquinho mais de tolerância nos métodos...

Texto copiado fielmente daqui.

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