quinta-feira, setembro 02, 2010

Jornada para o Inferno: Um dia sem eletricidade

Durante um apagão mundial (Na minha casa, sem afetar ninguém mais... Porque eu não paguei a conta de luz), eu mantive um diário narrando o que se passou nas horas de horror que permearam minha vida e minha sanidade. Abaixo segue um relato de como eu sobrevivi... Duas horas (Mais ou menos) sem eletricidade.




1º de Agosto 2010, 18:51


A eletricidade fora cortada há uns dez minutos atrás. Não é lá grandes coisas, ficar no escuro. Meu cachorro, por exemplo, está adorando. Meu cachorro é um completo tarado, aliás. De qualquer forma, acendi algumas velas e chamei a Carla pelo celular. Hmm... A bateria está acabando. Quando a luz voltar vou ter que carregá-lo.

1º de Agosto, 2010, 18:54


Estou entediado. Estou entediado. Droga, que diabos se pode fazer quando está em casa sem luz?
...
Bem, exceto isso. E mais, a Carla vai chegar em breve. Vamos ter bastante tempo para isso mais tarde. Agora vou ficar atirando uma bola contra a parede para ver se meu cachorro vai tentar atacar a parede. Ele não está atacando a parede, o maldito covarde. Vou obrigá-lo a comer a bola, pois esta é a punição para os fracos. Epa, interfone. Deve ser a Carla. Hora de fazer aquilo.

1º de Agosto, 2010, 18:56


Mas... Que... Diabos?! Estou jogando Banco Imobiliário com a Carla. BANCO IMOBILIÁRIO! Eu já estava vestido para fazer aquilo(Ou seja: Nu), e ela ri e tira o jogo da mochila. Lembrete para mim mesmo: Depois do Banco Imobiliário, jogar a Carla na minha cama e fazer tudo aquilo que deveríamos ter feito em primeiro lugar. Epa, espera. Isso não se qualifica como estupro?
...
Acho melhor parar de beber agora.

1º de Agosto, 2010, 19:03


Maldição! Perdi no Banco Imobiliário. Para demonstrar o quanto estava feliz pela Carla, eu derrubei a porcaria toda da mesa, e quase taquei fogo na casa. O triste é que eu quase tacar fogo na casa é tão comum para ela que ela nem ao menos ficou surpresa. Acho que deveria me desculpar, mas Ele me garantiu que era errado. Me garantiu que ela estava agindo de forma horrível...

1º de Agosto, 2010, 19:43


Estou cansado. A Carla, depois de ter perdido de forma humilhante para mim na rodada que tivemos de Banco Imobiliário e ter derrubado o jogo e quase tacado fogo na casa, me convenceu a ir para a cama com ela. Eu sei que ela está me usando. Sei que ela está planejando me trair... Eu posso jurar que estou vendo ela  pegar uma faca da cozinha... Assim como Ele me avisou que ela faria!

1º de Agosto, 2010, 19:44


Me tranquei no meu quarto, a Carla está me chamando, tentando me seduzir. Gritando mentiras para meus ouvidos... Mas Ele está comigo. A Bola de Borracha para Cachorros... Ele fala comigo. Ele me ajuda, Ele nunca me trairia... Não como a Carla.
"Você pode trazer a luz..." Ele me falou.
"Você pode salvar a si mesmo..."
"Tudo que você precisa fazer..."
"É sacrificar... A Outra..." E Ele me falou.
"Mas..." Eu retruquei, não querendo sacrificar a Carla "Eu não quero sacrificar a Carla."
"Com a eletricidade de volta" Ele me ofereceu "A internet vai voltar a funcionar."
"Fechado." Eu sacudi a... Bola.

1º de Agosto, 2010, 19:53


Consegui! Hahaha! Depois de convencer a Carla que estava tudo bem, que o sangue na minha cabeça era apenas uma pancadinha leve, e que o meu machado (Eu o chamei de "Jack", em memória a um amigo muito querido... Que perseguiu a família com um machado) era apenas decoração, eu a tranquei num quarto, nua, com meu cachorro. A vitória era minha, e agora a eletricidade iria voltar.
"Seu TOLO!" Ele gritou comigo, as trevas emanando da bola para cachorros.
"O quê?"
"Você deve sacrificá-la! Você deve se banhar em seu sangue, se deliciar com sua carne! Você deve se tornar uma arma de Cthulhu!"
"Sério, Cthulhu, o que diabos há com você e sacrifícios? Desde que você emanou sua presença da bola de borracha do meu cachorro é 'Sacrifício isso, sacrifício aquilo, Botas de látex para encomenda'."
"Você quer voltar a ter luz, ou não?"
"Eu quero. Mas não se preocupe, a Carla está trancada com meu cachorro."
"E?"
"E meu cachorro é um tarado... E ela está nua."
"Ainda assim, só a luxúria de um animal sendo realizada sobre a fonte não será o suficiente. Apenas seu sangue será capaz de trazer a luz de volta!"
"Err... Tem alguma escolha que não envolva eu matar a garota que namoro? Sabe, aquela velha do 'Não morda a mão que te masturba'?"
"TOLO!" E então as trevas saíram da bola de borracha e me envolveram... Um estupro de trevas... Digamos apenas que, se isto fosse um filme de Hollywood, as "Trevas" seriam o cara que fez Latrel em As Branquelas.

Dia do Apocalipse, 2012, 13:45, Rio de Janeiro, Ceará


Cthulhu me chama. Cthulhu me chama. Ele me odeia, ele me possui. Ele é o Grande Velho, o Dominador Antigo, e ele me chama. Não há escapatória, estou à mercê das trevas. Nunca mais verei Carla... Oh, Carla, o que fiz com você. Me perdoe. Me perdoe... Eu nunca conseguirei sair daqui.

1º de Agosto, 2010, 20:03


A luz voltou, e eu finalmente posso parar de bater na parede. Maldita falta de luz. Abri a porta da cozinha, e a Carla me deu um tapa. Meu cachorro abanou o rabo, e eu notei que a perna da Carla tinha um líquido escorrendo por sua coxa.
"O que você estava pensando ao me trancar aqui na cozinha com seu cachorro?!"
E então, subitamente, tudo voltou. A briga. O sexo. A tranca da porta da cozinha da minha namorada com um cachorro tarado que provavelmente trepou com a perna dela. Cthulhu.
"Bem..." Eu suspirei "Cthulhu me obrigou a fazê-lo."

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